27 de nov. de 2010

Ouvir o que está vendo

Cientistas americanos identificaram um novo tipo de sinestesia, em que pessoas "ouvem" aquilo que estão vendo.
Ouvido
Algumas pessoas são capazes de ver cores quando ouvem música
A sinestesia é uma condição neurológica benigna em que o indivíduo associa impressões percebidas por sentidos diferentes.
Há casos, por exemplo, em que a pessoa associa cores a palavras. Outras associam cores a números ou letras, ou sentem gostos quando tocam objetos.
A até então desconhecida forma de sinestesia foi indentificada pela pesquisadora Melissa Saenz, do California Institute of Technology, nos Estados Unidos, e descrita em um artigo publicado na revista científica Current Biology.
O estudo é tema de um artigo publicado na revista de ciência New Scientist.
Esta – acredita-se, rara – forma de sinestesia foi descoberta quando um aluno de Saenz disse estar ouvindo sons vindos de um protetor de tela em um computador.
Depois de fazer algumas perguntas ao estudante, a pesquisadora se deu conta de que a vivência do aluno se encaixava nos critérios de sinestesia.
O fenômeno ocorrera durante toda a sua vida e acontecia com várias imagens em movimento.
Saenz enviou o protetor de tela – que mostrava pontos em movimento – para centenas de voluntários, e verificou que três outras pessoas também ouviam sons, como batidas, zumbidos e chiados, quando olhavam as imagens.
Para comprovar se realmente se tratava de sinestesia, a pesquisadora fez testes com os indivíduos que supostamente tinham a condição e também com um grupo de voluntários neutros.
Ambos os grupos ouviram várias séries de sons, sempre aos pares, e observaram seqüências complexas de imagens em movimento, também aos pares.
O objetivo era saber se as seqüências de sons e de imagens eram idênticas.
Estudos anteriores mostram que padrões sonoros são mais fáceis de identificar e, de fato, ambos os grupos acertaram 85% dos testes sonoros.
Mas quando fizeram os testes com imagens, os indivíduos que tinham sinestesia tiveram um índice de acertos de 85%, enquanto o outro grupo acertou apenas 55% dos testes.
"Sinestésicos tiveram vantagem porque não apenas podiam ver, mas também ouvir os padrões visuais", escreveu Saenz na revista Current Biology.
"A sinestesia de audição-movimento pode ser um instrumento útil no estudo de como os sistemas de processamento auditivos e visuais interagem no cérebro", acrescentou.
A neurologista Julia Simner, que faz pesquisas sobre sinestesia na University of Edinburgh, na Éscócia, dise que algumas formas da condição são mais comuns do que outras.
Segundo Simner, é comum encontrar pessoas que tem um tipo inverso de sinestesia, ou seja, vêem cores quando ouvem música.
"O que é muito interessante sobre este estudo é que eles foram capazes de documentar um tipo (de sinestesia) que sabíamos que exestia, mas sobre o qual tínhamos apenas um conhecimento vago".

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